Fevereiro 07 2016 3Comentários

Ser Vegan – pelo planeta, pelos animais e pelo bem-estar

Tento aproveitar todas as oportunidades para falar sobre veganismo, da melhor forma para criar um reforço positivo, sobre o que é o veganismo e o que nos move.

Cada vez mais se ouve falar de veganismo e há cada vez mais quem procure fazer a mudança, quer seja por Saude, compaixão ou pelo ambiente.

Desta vez falei com a M.A.D.E. Magazine, numa entrevista guiada pela Lara Faria.

Não só uma questão alimentar mas também um estilo de vida. Conheça Beatriz Batista, uma designer do Porto que se tornou especialista em dietas veganas e gestora do blog sociedadevegan.com e da lojavegetariana.pt, onde podemos encontrar produtos vegetarianos para veganos.

Como é que a Beatriz se torna uma especialista em dietas veganas?
Quando tomei a opção de me tornar vegana havia pouca informação, o que me obrigou a fazer uma pesquisa sobre tudo o que podia consumir, não só na alimentação mas também no calçado, produtos para a casa, cosmética e vestuário. Tento manter-me sempre atualizada, não só com o movimento em Portugal, mas também no estrangeiro, de forma a conseguir responder às diferentes questões que me colocam diariamente, através do blog.

E porquê a opção de se tornar vegan?
A decisão de me tornar vegana aconteceu quando adotei a Natty, que teve uma influência muito forte em mim e como eu via o mundo à minha volta. Foi a partir desse momento que deixei de diferenciar os animais que temos como companhia dos que utilizamos para consumo. A mudança não aconteceu de um dia para o outro, foi de uma forma gradual, em que deixei primeiro a carne de animais terráqueos, seguindo-se o peixe e na última fase os ovos, leite e derivados.

Quem é a Natty?
É a minha cadelinha.

Nesta altura, teve logo a ideia de criar o blog ou este foi criado posteriormente?
O blog apareceu mais tarde, não no formato que tem atualmente mas sim como um website de partilha de conhecimento, onde colocava imagens, vídeos, notícias e onde partilhava a informação de locais e eventos. Este formato, mais pessoal, apareceu há pouco tempo, quando senti a necessidade de falar diretamente com os meus seguidores e desta forma criar uma relação mais próxima.

Qual é o feedback que tem recebido quanto ao blog? São só pessoas que optaram por um estilo vegan que o seguem ou também outras pessoas?
O retorno tem sido muito positivo. Desde que fiz a mudança que senti uma maior aproximação com o público. Não só veganos mas também outras pessoas que têm dúvidas sobre o que é o veganismo e como se podem tornar veganas. Muitas vezes as questões não são ligadas ao veganismo, pode ser uma dúvida alimentar ou o pedido de sugestões, por exemplo, de estrangeiros que procuram locais onde ficar ou comer em Portugal.

Quando é que foi feita esta mudança para o blog?
A mudança foi feita no verão passado, o website já tem cerca de 4 anos.

Se tiver de explicar a alguém que a procura o que é o veganismo, como o define? Como explica o que é?
O veganismo é uma filosofia de vida. O que o define é a vontade de causar o mínimo de sofrimento possível aos animais não-humanos e ambiente. Quando nos tornamos veganos tomamos o compromisso de excluir da nossa vida tudo que possa ter causado sofrimento animal. Deixamos de consumir produtos que tenham ingredientes animais ou que possam ter sido testados em animais. No vestuário, não usamos lã, pele, seda, marfim, osso; a alimentação não contempla carne, peixe, leite e derivados, ovos e mel; a cosmética exclui tudo o que possa ter ingredientes animais ou que tenha sido testado; também não frequentamos espetáculos que utilizem animais para entretenimento, como circos, zoos, entre outros. Quando me questionam o porquê de tomar esta opção, sinto sempre a necessidade de explicar o porquê de ter optado por excluir tudo o que é passível de sofrimento animal. Nós, humanos, temos a possibilidade de optar, os animais não-humanos não têm escolha.

Como é que alguém que siga uma alimentação mais convencional e um estilo de vida de acordo com esse padrão pode passar a vegan? Que etapas terá de passar a pessoa que escolher tornar-se vegan?
As etapas podem variar de pessoas para pessoa. A forma como “desperta” para a realidade que está por trás de um pedaço de carne, o sofrimento que um copo de leite esconde, a prisão que um ovo representa. Conheço veganos que seguiram três etapas, outros que, de um dia para o outro, deixaram de consumir produtos animais.

Podemos dizer que começa tudo com uma mudança de mentalidade?
Sim, quando tomamos a opção porque criamos empatia com os animais não humanos, deixamos de os ver como produtos que apenas existem para nosso proveito e começamos a vê-los como seres individuais, que tem vontade e necessidades próprias de cada espécie.

Sente que os portugueses percebem o que é o veganismo? É algo bem aceite ou ainda é um assunto pouco explorado?
Há uma abertura cada vez maior para o veganismo. Isso vê-se nas marcas que começam a ter uma maior preocupação em criar produtos que se adaptem a diferentes tipos de pessoa. A oferta de produtos veganos é muito grande, não só nas grandes superfícies, mas também em lojas mais pequenas. Esta preocupação das marcas não se dedica apenas ao veganismo, mas também se relaciona com o aumento da preocupação de manter uma alimentação saudável.

Em relação à alimentação, como é que alguém que siga um regime alimentar omnívoro pode passar a ser vegan sem comprometer a saúde do seu organismo? Deve adotar desde logo uma alimentação vegan ou ir fazendo a transição?
A mudança pode ser feita de um dia para o outro. O que pode acontecer são os sintomas de privação. A alimentação é muito forte. Na forma como nos vemos, estamos habituados desde pequenos a sabores que nos recordam momentos, com amigos, família, férias. Quando cortamos com esses sabores podemos sentir a falta deles ou do que nos recordam. Temos sorte de viver num país com uma grande oferta de alimentos e por isso, desde que a transição seja bem planeada, não iremos sentir carências nutricionais. Temos à nossa disposição alimentos como o feijão, cogumelos, legumes, arroz, que por si só já conseguem satisfazer as necessidades nutricionais, temos é que saber adaptar às nossas necessidades. Se preferirmos, o tofu, seitan ou outros alimentos, também já são mais fáceis de encontrar nos supermercados.

A Beatriz disse que em Portugal tínhamos muita variedade de “ingredientes”. E quanto aos preços, conseguimos fazer uma alimentação correta a um preço acessível ou os produtos são mais caros?
Pessoalmente, prefiro utilizar alimentos naturais, que não tenham sido processados, por isso, baseio a minha alimentação em ingredientes como legumes, grão, cereais, frutas e vegetais e esses produtos são baratos. Os preparados, tipo ‘burgers’, salsichas e queijos vegetais, já se encontram a preços bem competitivos com o aumento da oferta. A oferta das bebidas vegetais, como a bebida de soja, já começa a ser maior e encontramos uma grande variedade, não só de marcas, mas também de tipo de bebida. Eu opto por fazer em casa, reutilizando a okara (o resíduo que sobra quando se confeciona a bebida vegetal) para outras receitas.

Quais são os alimentos que considera indispensáveis na sua dieta alimentar?
Os que não dispenso são o feijão (qualquer tipo), cogumelos, legumes de folha verde e fruta. Estes fazem parte da minha alimentação semanalmente. Tento sempre combinar um prato cozinhado com uma salada variada, fruta e bastante água ao longo do dia.

Para leres mais, podes aceder ao website m-a-d-e.pt

3 comments

  1. Olá, boa tarde!
    Tenho vontade de me tornar uma vegana. Gostaria de receber artigos sobre este assunto.

    Obrigada,

    Izabel.

    Responder
    1. Olá Izabel 🙂
      No blog podera encontrar diversos artigos sobre veganismo e como fazer a transição. Se tiver alguma questão mais específica, não hesite em colocar 🙂

      Até breve

      Responder

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