Agosto 05 2025 0Comentários

Zoológico na Dinamarca pede que donos deem animais de estimação “indesejados” para alimentar predadores

O Zoológico de Aalborg, na Dinamarca, está a incentivar as pessoas a entregar os animais de estimação que já não querem — não para serem cuidados, mas para servirem de comida aos animais carnívoros do parque. Num comunicado publicado no Facebook e no seu site, o zoo explica que aceita animais vivos de pequeno porte, como galinhas, coelhos e porquinhos-da-índia, que são “parte importante da dieta dos nossos predadores, especialmente do lince-europeu, que precisa de presas inteiras, semelhantes às que caçaria na natureza”.

Segundo o zoo, se alguém tiver animais que precisem de ser removidos “por diversos motivos”, pode levar até quatro de cada vez. Os animais são depois abatidos por funcionários especializados e dados como alimento.

Uma reflexão sobre a dessensibilização dos zoológicos e dos donos

Esta prática, embora apresentada como uma forma de “simular a cadeia alimentar natural”, levanta questões éticas profundas. Ao normalizar a entrega de animais domésticos para servirem de alimento, o zoológico não só banaliza a morte de seres vivos como também contribui para uma cultura de descarte, em que os laços afetivos entre humanos e animais são facilmente rompidos por conveniência.

Se um dono pode levar o seu coelho ou porquinho-da-índia para ser morto e devorado por um lince, o que é que isso diz sobre o valor que atribuímos a essas vidas? O caso de Marius, a girafa abatida no Zoológico de Copenhaga em 2014 e depois dada aos leões, já tinha mostrado como algumas instituições tratam os animais como meros recursos — eliminados quando deixam de ser úteis.

Os zoológicos defendem que estas práticas são necessárias para o bem-estar dos predadores, mas será que não estamos a usar esse argumento para justificar uma cresente insensibilidade em relação ao sofrimento animal? Se um local que se diz dedicado à conservação e educação pode, sem hesitação, matar uns animais para alimentar outros, será que não estamos a falhar na nossa obrigação moral de proteger todas as formas de vida?

Esta abordagem também desresponsabiliza os donos: em vez de incentivá-los a cuidar dos seus animais até ao fim ou a procurar alternativas éticas, o zoo está a dizer-lhes que podem simplesmente livrar-se deles como se fossem objetos. Se normalizarmos esta ideia, o que é que impede que, no futuro, outros animais sejam vistos como dispensáveis?

Se um zoológico realmente se preocupa com o bem-estar animal, não deveria questionar a própria existência de animais em cativeiro, em vez de os transformar em peças de um ciclo de violência? E se aceitamos que alguns animais são “comida” e outros “companheiros”, será que não estamos a escolher a quem damos valor — e a quem negamos até o direito de existir?

Porque Não Devemos Visitar Zoológicos

Os zoológicos podem até alegar que têm fins educativos e de conservação, mas a realidade é que mantêm animais selvagens enclausurados, longe dos seus habitats naturais, muitas vezes em condições stressantes e antinaturais. Leões, elefantes, primatas e aves exóticas não existem para nosso entretenimento — são seres sencientes, condenados a uma vida em cativeiro, exibidos como objetos de curiosidade.

Se realmente nos importamos com o bem-estar animal, devemos recusar-nos a financiar estas instituições. A verdadeira educação sobre a natureza não se faz através de jaulas, mas sim respeitando os animais em liberdade, apoiando santuários éticos e conservação in situ.

Os animais não são atrações turísticas. Merecem viver em paz, não em prisões disfarçadas de “lares”.

Escreva uma resposta ou comentário