Imagens alarmantes revelam o sofrimento extremo dos peixes e irregularidades graves nos controlos veterinários numa exploração de aquacultura em Itália, na província de Treviso, mas que refletem uma realidade presente em muitos outros países. As imagens, filmadas por um ex-funcionário, mostram práticas brutais de abate, violência sistemática contra os animais e a conivência dos veterinários, que avisam a empresa antes das inspeções, permitindo esconder os abusos.
A investigação e o que foi descoberto
Com a divulgação desta investigação, torna-se claro que as falhas nos processos de produção de peixe são profundas. Pede-se ao Ministério da Agricultura italiano que implemente mudanças fundamentais e que o Ministério da Saúde introduza métodos de abate que minimizem o sofrimento. No entanto, esta investigação realça uma questão ainda mais urgente: não há uma forma verdadeiramente ética de criar peixes em aquacultura. O sofrimento destes animais é intrínseco ao sistema de criação intensiva, e o único caminho verdadeiramente sustentável e ético é parar de consumir peixe.
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O que mostram as imagens
As imagens capturadas revelam cenas perturbadoras de maus-tratos. Um esturjão consciente é violentamente arremessado contra o chão por um funcionário, e em muitos casos, os peixes são submetidos a choques elétricos diretamente nas guelras, uma zona altamente sensível.
Pior ainda, segundo o responsável de produção, cerca de 80% das trutas não são atordoadas com corrente elétrica, como recomendado pela Comissão Europeia, mas sim mortas por asfixia para evitar manchas de sangue nos filetes, prejudicando a sua aparência comercial. Estes procedimentos não só causam sofrimento desnecessário como também refletem a prioridade de maximizar o lucro à custa do bem-estar animal.
Além disso, durante o transporte e descarga, os peixes são lançados de camiões para os tanques de armazenamento a grande velocidade e de alturas elevadas, resultando em stress extremo e lesões graves. Em alguns casos, os peixes foram observados partidos ao meio. Na fase de captura, as trutas batem violentamente contra as paredes e entre si, com sinais claros de sofrimento, visíveis no sangue espalhado pelo chão e na pele dos animais.
Irregularidades e encobrimentos nos controlos
Ainda mais preocupante é o facto de os veterinários responsáveis pelas inspeções estarem cientes de que as trutas não eram atordoadas antes do abate, mas não agiam para corrigir a situação. Além disso, a exploração era avisada antecipadamente sobre as visitas de inspeção, permitindo-lhe ocultar as irregularidades. Estes atos de conivência são mais um exemplo de como o sistema de controlo falha em proteger os animais.
Face a estas descobertas, foi apresentada uma queixa contra a exploração por maus-tratos a animais, abandono, e múltiplas infrações ambientais e laborais.
A campanha “Aquacultura INsustentável”
A aquacultura é frequentemente promovida como uma solução sustentável para a crescente demanda de peixe. No entanto, como reconhece a própria Associação de Piscicultores Italianos (API), este setor tem crescido de forma descontrolada, com um impacto negativo no bem-estar dos peixes. A União Europeia é o quinto maior produtor mundial de peixe de aquacultura, o que significa que os consumidores estão cada vez mais expostos a produtos de criações intensivas, em vez de peixe capturado no mar.
Apesar de existir o rótulo “Aquacultura Sustentável”, desenvolvido em 2020 pelo Ministério da Agricultura italiano em conjunto com os piscicultores, ele não garante a eliminação do sofrimento animal. O regulamento falha em definir critérios claros de bem
30 Outubro, 2024
Horrivell!Devem ter mais vigilancia.