Este ano, no meu aniversário, recebi como presente um fim de semana num hotel que já namorava há muitos anos. Sempre que ia para a Ericeira, ficava a matutar que adorava ficar neste hotel, pela localização, história e arquitetura. E para perceberes por que razão estou a falar deste hotel, tens de ler o artigo até ao final.
Este também foi o primeiro fim de semana que passei fora de casa com os meus filhos e o primeiro do meu filho mais novo. Viajar com crianças exige sempre um planeamento extra: ter a certeza de que levamos tudo, as papas, as sopas (o meu filho mais novo ainda está a começar a alimentação e, por isso, não pode comer em restaurantes), os brinquedos, as fraldas, os toalhetes e, claro, o melhor acessório que só descobri agora, o aquecedor de biberões, que poupa muitas dores de cabeça quando precisamos de aquecer papas, leites, etc.
Já não ia à Ericeira há muitos anos. A última vez foi apenas uma passagem rápida depois de participar num programa de TV (Faz Sentido – Sic Mulher), e estava bastante entusiasmada. Sei que a Ericeira é uma boa opção para vegetarianos e vegans, portanto não iríamos passar fome. Mas deixarei o roteiro gastronómico para outro artigo.
Como mencionei, ficamos no Hotel Vila Galé, e as crianças adoraram. Adoraram o bom tempo e poder dar os primeiros mergulhos nas piscinas, além de estarem num sítio novo cheio de boas vibrações.
No último dia, optamos por ficar na piscina e aproveitar o dia. Então, perguntamos no restaurante se tinham opções vegetarianas ou se podiam improvisar algo para nós. Fiquei surpreendida ao saber que o hotel tinha um menu dedicado exclusivamente a opções vegetarianas/vegans! O menu Green & Fresh, de acordo com a página da cadeia, “pretende reforçar as propostas benéficas para a saúde disponíveis no menu, tendo em conta as crescentes preocupações com a sustentabilidade, frescura e qualidade dos produtos.”
Entusiasmados com a oferta, decidimos almoçar no hotel. Como uma família vegan, é sempre bom conhecer as opções vegetarianas, e os veganos adoram experimentar comida deliciosa e apelativa. O menu era extenso e oferecia várias opções. Acabamos por escolher hummus, que a minha filha adora, tagliatelle e moqueca de palmito. No início, alertaram-nos de que a comida poderia demorar um pouco, pois era dia do buffet do mar, e concordamos. No entanto, a comida demorava a ser servida e a minha filha já estava impaciente. Perguntamos se podiam trazer as entradas, e o concierge trouxe uma entrada complementar, uma taça com dois cogumelos e rebentos de soja enlatados. Nesse momento, comecei a ficar preocupada, pois não tinham tempero e não é muito animador receber produtos enlatados num hotel de 4 estrelas.
Finalmente, trouxeram o hummus acompanhado de vegetais cortados. O hummus é uma receita básica com três ingredientes-chave: grão-de-bico, tahini e limão. Infelizmente, o tahini servido tinha um aspeto pouco apelativo, e os vegetais pareciam secos e pouco frescos. Ainda faltavam os pratos principais, mas não vale a pena descrevê-los, pois não tinham sabor, apresentação adequada e os preços eram exorbitantes. Certamente, não é uma experiência que gostaria de repetir. No final, falei com o chefe de sala, que se desculpou dizendo que o menu era novo e ainda estava em fase de testes, mesmo após um ano da sua introdução. Um ano é tempo suficiente para realizar muitos testes e criar opções deliciosas e atrativas. Infelizmente, não tirei fotos, pois o meu telemóvel ficou sem bateria.
relacionado: receita de humus
Não quero apenas criticar este hotel em particular, mas sempre que vou a um restaurante, procuro opções veganas, como é natural. Felizmente, muitos locais conseguem atender a essas necessidades, mas também existem aqueles que deixam a desejar. Valorizo muito quando um estabelecimento dá valor ao menu vegetariano. Recentemente, estive num restaurante nas caves de Gaia, onde o empregado garantiu que também havia opções vegetarianas e que não ficaria desapontada. Tudo correu muito bem, e com certeza voltarei lá.
Outra coisa que me incomoda é quando tentam “veganizar” o menu simplesmente removendo ingredientes comuns. Por exemplo, substituir a massa do tagliatelle por tiras de legumes como courgette e cenoura, acompanhadas de muitas ervilhas congeladas cruas e muito alho. Ou uma moqueca que se torna uma sopa sem sabor, apenas com dois palmitos a boiar. Por que complicar tanto? Achava que este tipo de problema fosse exclusivo de Portugal, mas recentemente ouvi um podcast aleatório sobre veganismo e a alimentação no Brasil, e o host falava das mesmas dificuldades e dava o exemplo que ao reservar uma mesa num restaurante não vegetariano, a comida era completamente alterada. Ela até mencionou um exemplo de lasanha sem massa, substituída por folhas de beringela.
Considerando todos os programas de apoio aos restaurantes e a quantidade de chefs e escolas de hotelaria disponíveis, seria de esperar melhores opções em cadeias de hotéis. A minha sugestão para os hotéis é reduzir o menu e oferecer duas opções vegetarianas saborosas e atrativas, utilizando ingredientes frescos. Além disso, é importante capacitar a equipa de sala para que conheçam bem os pratos que estão a servir. Estes menus não são apenas para veganos e vegetarianos, mas também para pessoas com alergias alimentares que possam optar por essas opções. Ser vegetariano não é seguir uma alimentação restritiva, pelo contrário.
E tu, o que te deixa frustrada quando recebes refeições sem sabor?