Já abordei várias vezes as diferenças entre a alimentação vegetariana e a alimentação vegan, e esta distinção é fácil de compreender, mas quando se fala de alimentação vegan para crianças, normalmente associa-se à restrição de alimentos, o que poderá contribuir para algumas carências alimentares e consequências no crescimento e desenvolvimento. Recebi recentemente um convite da TV Record Europa para debater a alimentação vegetariana em crianças, e, naturalmente, aceitei!
Tenho gosto em falar sobre veganismo e em mostrar o lado positivo, simples e descomplicado da alimentação e estilo de vida da nossa família de 6. O tema da reportagem foi “Alimentação Vegan – Vantagens e Desvantagens”, e entre as convidadas encontravam-se uma nutricionista (Magda Roma), uma representante da Direção-Geral da Saúde, duas famílias veganas e uma pediatra que discorda da adoção da dieta vegetariana estrita em crianças.
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Apesar de eu, que adotei este estilo de vida há muitos anos, discordar do pediatra, algo que ele disse chamou a minha atenção: a expressão “alimentação restritiva”. Esta abordagem difere significativamente da dieta vegan.
Normalmente, quem segue uma alimentação restritiva pode estar a lidar com algum distúrbio alimentar e aí é preciso estar atento aos sinais e compulsões que possa ter e claro, procurar ajudar e fazer com que a pessoa procure ajuda profissional para ultrapassar este problema. Infelizmente, frequentemente deparamo-nos com notícias sobre casos deste tipo, como o recente caso da influencer russa que faleceu devido à sua dieta extremamente restritiva, baseada em alimentos crus. Os títulos destas notícias são quase sempre “Influenciadora vegan morre devido a dieta restritiva”.
Este é apenas mais um exemplo em que o veganismo é erroneamente associado a uma abordagem alimentar restritiva e sem fundamentação. Contudo, é positivo que esta reportagem tenha sido transmitida, uma vez que apresentou ótimos exemplos de alimentação saudável e demonstrou como as crianças podem adotar esses princípios, crescer saudáveis e com compaixão pelos animais.
Optar por uma dieta vegetariana também significa seguir uma alimentação rica e variada, que inclui frutas, legumes, leguminosas e vegetais, bem como criar pratos saborosos e com diferentes texturas.
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Na minha experiência como vegetariana estrita, nunca me senti limitada nas minhas opções alimentares quando saía de casa. Sempre encontrei alternativas, algumas bastante saudáveis e outras nem tanto. No entanto, sempre me certificava de estar preparada.
Agora, com os minhas filhos, tal como qualquer mãe, levo sempre snacks quando saímos, que são rápidos e fáceis de preparar. Estes incluem frutas, snacks de milho, tostas de queijo vegano e, claro, pacotes de frutas prontas a comer, que são muito práticos.
Quando almoçamos fora, procuramos sempre opções que agradem a todos. Atualmente, temos três restaurantes onde podemos ir, e todos ficamos satisfeitos, o que facilita a decisão.
Em casa, seguimos uma abordagem alimentar diversificada e sem restrições, excluindo apenas, claro está, produtos de origem animal. Em relação a todo o resto, tudo é bem-vindo.
Cuidar também implica saber adaptar-se, e é por isso que as crianças são acompanhadas por uma nutricionista, que elaborou o plano alimentar inicial para a introdução dos alimentos aos seis meses, altura em que abandonaram a amamentação em livre demanda e também a partir do primeiro ano, quando começaram a alimentação sem restrições. Além disso, tentamos cozinhar pratos que eles apreciem, incentivando assim o gosto pela comida e a sua felicidade. Vou dar um exemplo, em casa os adultos humanos gostam muito de tempeh, mas os pequenos estranham o sabor, gostam quando é cozinhado pela senhora que o faz e a quem compramos, mas torcem o nariz ao meu. Normalmente faço tempe ao almoço e evito fazer ao jantar, substituindo o tempe por tofu, seitan, substitutos da carne, ou leguminosas que todos gostam.
Qual é a tua opinião sobre a alimentação vegetariana/vegan para crianças?