“No cimo de uma montanha vivia um mamute anafado.
Lá em baixo, no vale, vivia um homem das cavernas escanzelado.
O homem das cavernas andava cheio de fome.E quando via o mamute punha-se a lamber os beiços.
Estava farto de caroços.
Estava farto de tremoços.
– O que eu quero é carne e ossos! – dizia Og.
– Vou apanhar um mamute e com ele fazer uma tarte!”
A história “Tarte de Mamute” é de Jeanne Willis e conta as peripécias de um grupo de homens das cavernas que tentam por tudo capturar (sem sucesso) um mamute para fazer um banquete, mas OG, Ug, Gog, Bog, Nog e Mog acabam por voltar às sementes. É uma história sobre a familia e o poder da união, já que o Mamute não estava sozinho mas acompanhado por um grande grupo de mamutes. A minha filha adora esta história contada por Vania Cardoso .
E esta semana a história tem estado sempre na minha memória, pois o grupo WOW (uma empresa de carne cultivada australiana) conseguiu desenvolver uma almôndega de carne de mamute através da multiplicação das células de ovelha com a adição de um gene do mamute responsável pela produção de mioglobina (proteína que contém o ferro e transporta o oxigénio no sangue. Para completar a sequência de ADN que estava incompleta, foi ainda utilizado ADN de elefante-africano. Segundo James Ryall a experiência é muito semelhante ao filme Jurassic Park sem criar animais vivos.
A cultura não utilizou sangue de animais (normalmente vitelos) o que significa que para a criação desta almôndega nenhum animal foi sacrificado.
Uma vez que a proteína da almôndega tem 4 mil anos, não existe certezas sobre a sua segurança alimentar e por isso vai ficar exposta no museu de ciências em Amesterdão.
Ainda há pouco tempo escrevi sobre o desenvolvimento da carne de laboratório e este é mais um exemplo do que a ciência capaz de criar.