Já escrevi antes sobre a carne de laboratório e os seus desenvolvimentos, como poderá, daqui a uns tempos, ser uma alternativa à proteína animal, mas ontem fiquei perplexa com a criação do arroz de carne. Basicamente é um arroz criado em laboratório a partir de músculos de vaca e células de gordura inseridos dentro dos próprios grãos de arroz.
Apenas partilho estes desenvolvimentos como curiosidade. Não sei se, no futuro, poderão ser alternativas à carne, mas da minha parte não tenho qualquer curiosidade em experimentar. O mais perto que experimentei foi o Impossible Burger e foi demasiado real para voltar a querer comer carne. Tornei-me vegetariana pela minha Natty e é ela que me faz não querer voltar a comer carne derivados, mas por outro lado sou apologista do desenvolvimento de alternativas sustentáveis que não impliquem a morte de animais, porque sabemos que (infelizmente) num futuro próximo o mundo não será vegan.
Esta alteração faz com que os grãos de arroz ganhem um tom rosa e foi criado como uma alternativa sustentável à carne, sendo mais barata e ecológica e também mais segura para o ambiente face às alterações climáticas que enfrentamos.
Num comunicado de imprensa, Sohyon Park (autor do arroz de carne) disse: “Imagine obter todos os nutrientes que precisa a partir de células de proteína cultivadas no arroz. O arroz já tem um alto teor nutritivo, mas ao adicionar células de animais, esse teor pode aumentar ainda mais”.
Claro que também existem questões económicas associadas. Este arroz com proteína animal ficará mais barato do que a carne: a carne custa (o Kg) cerca de 16,77 euros e o arroz 2,05 euros, enquanto que o arroz de carne, no caso de ser comercializado, poderia ter um custo de 2,08 euros.
A nível ambiental, estima-se que esta opção emita menos de 6,7 quilogramas de dióxido de carbono.
Como se produz o arroz com proteína de vaca:
Inicialmente, os investigadores revestiram o arroz com gelatina de peixe para auxiliar na adesão das células de carne. Em seguida, introduziram músculo de vaca e células de gordura nos grãos de arroz, os quais foram posteriormente colocados em cultura.
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Conforme indicado pelo estudo, os animais possuem estruturas biológicas microscópicas que facilitam o crescimento celular, formando tecidos e órgãos. Os grãos de arroz possuem uma composição mais porosa que mimetiza essa estrutura, além de conterem moléculas que nutrem essas células.
Após esse processo, as células de carne crescem não apenas na superfície dos grãos de arroz, mas também dentro deles. Entre nove e onze dias, obtém-se o produto final – descrito no estudo como “uma versão de sushi de microcarne, com uma textura, perfil nutricional e sabor distintos do arroz tradicional”.
O arroz de carne é mais firme e quebradiço em comparação com o arroz normal.
O arroz provou ser a criação mais bem-sucedida, embora não tenha sido a primeira opção para o estudo. Inicialmente, tentaram desenvolver essa alternativa à carne animal utilizando soja, porém sua estrutura celular é muito grande, impossibilitando os consumidores de “sentirem a textura semelhante à da carne”.
Os cientistas também levantam a possibilidade de um dia removerem as próprias vacas do processo de criação do arroz de carne.